Era uma vez uma bela borboleta azul, cujas asas eram frisadas e com bordas em preto muito cintilantes.
Essa criatura vivia em completa solidão na floresta, entre as flores coloridas que nasciam na primavera. Estava sempre cercada da companhia de outros animais, mas a sua espécie vivia naquele habitat praticamente sozinha, apenas no período do acasalamento, uma grande revoada acontecia.
Primeiro eram geradas como lagartas, se arrastando pelos galhos das árvores, até que encontrasse o momento de adormecerem numa longa metamorfose, para se transformar num inseto adorável.
Um dia, a borboleta azul, pousando em uma flor, avistou um encantador beija-flor que, assim como ela, fazia o seu trabalho diário de coletar o néctar das flores. Ao olhá-lo tão majestoso, com aquelas asas batendo numa velocidade espantosa, a borboleta azul bateu as suas asas em direção ao pequenino pássaro, e foi logo perguntando-lhe:
– Grande pássaro! Como consegues voar tão diferente de todas as outras aves, e até mesmo das borboletas que também possuem asas?
O beija-flor, olhando para a pequenina inseto, logo disse-lhe:
– Amiguinha, os beija-flores são aves que possuem grande destreza nas asas, podendo fazer muitas manobras diferentes. Mas, se você quiser posso tentar ensiná-la a fazer o mesmo que eu.
E continuou.
– Não sei se será possível, mais vamos tentar?
A borboleta azul logo ficou curiosa com a possibilidade de efetuar voos incríveis, como o beija-flor. Assim, os dois animais saíram voando em direção a um campo de muitas flores multicoloridas, para que pudessem executar manobras sensacionais.
Nesse local, o beija-flor deu início as suas aulas…
Voando bem acima das folhagens dos galhos das árvores, o beija-flor falou para a borboleta azul:
– Querida, preste atenção as batidas das minhas asas!
E, assim, beija-flor deu início as batidas das suas asas, chegando a bater por cerca de setenta a oitenta vezes por segundo. Muitas vezes ficava parado em pleno ar… Outras vezes subindo e descendo, ou voando para cima e para baixo.
Com grande destreza, o pequenino bailarino vou em direção a uma flor, introduzindo a sua grande e fina língua no bulbo, extraindo rapidamente todo o néctar… Assim fez, sem parar de voar, em muitas outras flores, deixando perplexa a borboleta azul que a tua assistia muito admirada.
Concluindo o seu surpreendente ensinamento, o beija-flor dirigiu-se a borboleta azul:
– Vamos, agora é você! Seu treinamento vai começar.
A borboleta azul lentamente voou em direção a uma flor, dando início a um batimento de asas mais veloz. Mas, suas asas eram frágeis e não conseguia fazer as mesmas coisas que o beija-flor havia lhe ensinado. Suas asas paravam quando pousava em uma flor…
O beija-flor, que a tudo assistia, incentiva a sua aluna com palavras de motivação, dizendo-lhe para continuar e não desistir. Porém, muito cansada, a borboleta azul afirmou:
– Meu amigo! Não sou capaz de fazer as mesmas coisas que você faz com suas asas. Não consigo! Estou muito cansada.
Continuando: – É muito difícil para mim desenvolver as mesmas coisas incríveis que vi você fazer… Acho melhor pararmos por aqui.
Nesse instante, os dois amigos aproveitaram para selar uma grande amizade. Sem palavras se olharam e compreenderam que cada um haveria de cumprir o seu papel na natureza, sem que para isso precisasse ser igual ao outro.
A borboleta azul voou em direção a uma flor e o pequenino beija-flor seguiu sua viagem…
Descansando na flor, que também a alimentava com seu néctar, a borboleta azul sentiu-se feliz com a sua condição de inseto e, também, as limitações próprias da sua espécie…
Então, em harmonia consigo mesma, levantou suas frágeis asas e saiu voando alegre pelo jardim.
-Liége Vaz – 10/março/2007 – Olinda/PE-BR.
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