Em pleno voo, navego no interior de minh’alma
Nas asas da impermanência, sou passageira sem calma.
Cada dia, algoz das minhas horas, insinua-se sem pressa
E o tempo, traidor, faz do presente uma amarga promessa.
Na catedral do meu ser, pensamentos do passado
Retorcidos, renascem, insistentes, lado a lado.
Carregam memórias de um tempo que já se foi
Mas que no hoje insiste, com uma dor que não se desfez.
Em cada lágrima indesejada, vejo o reflexo
De um presente enfeitado de dores, sem nexo.
É o passado que teima em reviver, inflexível
Tornando o agora um labirinto quase invisível.
Contemplo a incerteza, neste ciclo sem fim
Onde o ontem e o hoje são partes de mim.
E mesmo em meio à dor, procuro a paz que se esconde
Na esperança de um amanhã, onde o coração responde.
Em todo este revoar, busco a luz que liberta
Que desfaz as sombras e em mim, voraz, desperta
A coragem de viver o presente sem mágoa
Para encontrar na impermanência, a beleza que afaga.
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Olinda(PE) BRA 25/06/2024