Contos

História Encantada entre Seres do Mar e Humanos By Liége Vaz

Era uma vez…

 

Uma mamãe cavalo-marinho e sua filhinha cavalo-marinho…

Os cavalos-marinhos são seres do mar que nadam com pequeninas nadadeiras, como se estivessem em pé, sempre para frente e para trás.

Eles adoram a água salgada do mar, nadam próximos aos corais e nas partes fundas do mar. O macho é quem gera os seus filhotes. Também possuem variadas cores, podendo ir do alaranjado até a cor marrom.

 

Vamos a história:

 

A mamãe cavalo-marinho e sua doce filhote nadam alegremente pelas ondas do mar, festejando o dia ensolarado de céu muito azul.

Assim nadando, cumprimentavam todos que passam, muitos peixinhos coloridos, a estrela do mar, baleias, golfinhos, polvos, ouriço do mar, conchas, lulas, moluscos, tartarugas e até o tubarão…

A medida que nadavam, mamãe cavalo-marinho e sua filhinha, se dirigia a todos com alegria, saudando : – Bom dia!

Mas, eis que de repente avistam um pequenino menino sereia vindo assustado, gritando em sua direção:

– Mamãe cavalo-marinho! Por favor nos ajude.

Rapidamente a mamãe cavalo-marinho se aproxima do pequenino menino sereia e pergunta-lhe:

– Que houve, menino? Por que tantos gritos?

O menino sereia, quase sem fôlego, responde assustado:

– Mamãe cavalo marinho, nossa mãe sereia vai ter um bebê ainda hoje. Isso pode acontecer a qualquer momento.

Mamãe cavalo marinho intrigada, e não entendendo o porquê de tanta agitação do menino sereia, responde-lhe:

– Sim, a mamãe sereia dará à luz em breve. Qual o problema?

Então, o menino sereia quase sem poder respirar, diz:

– Mamãe cavalo-marinho, a bruxa Peteca está solta e disse que vai fazer um redemoinho no mar quando a mamãe sereia estiver em trabalho de parto, a fim de escurecer as águas e roubar o bebê da mamãe sereia.

Prosseguindo, o menino sereia pediu a ajuda da mamãe cavalo-marinho:

– Por favor, nobre mamãe cavalo-marinho, não permita que a bruxa Peteca roube o bebê da mamãe sereia!

A mamãe cavalo-marinho, sem pensar mais um instante, afirma:

– Certamente, vamos ajudar! Isso não vai acontecer. Acharemos uma solução.

E, continuando:

– Onde está a mamãe sereia?

Mais que depressa o menino sereia respondeu:

– Em uma gruta com a sereia Bela, que é a princesa do reino das sereias.

Então mamãe cavalo-marinho disse:

– Vamos até lá… Preciso vê-la!

Mais que urgente os três seres do mar nadaram juntos, até que chegaram a gruta onde estavam a mamãe sereia e a princesa Bela.

Ao chegarem perceberam que ambas estavam escondidas no fundo da gruta, e havia muito medo em seus semblantes.

Assim que fez contato, a princesa Bela foi logo falando:

– Mamãe cavalo-marinho, a bruxa Peteca avisou aos sete mares que vai roubar o bebê da mamãe sereia assim que nascer.

E continuando:

– Precisamos proteger nosso pequenino bebê, mas não sabemos como fazer.

Nesse momento, e já agoniada com o início das dores do parto, mamãe sereia disse:

– A bruxa Peteca faz muitas maldades e gosta de roubar bebês, a fim de torná-los seus escravos.

Então chorando, suplicou:

– Por favor, nos ajude!

Nesse momento, solidaria as duas sereias que estavam aflitas, mamãe cavalo-marinho se pós a pensar por alguns instantes. De logo, se via que mamãe cavalo-marinho não vislumbrava alternativas.

Porém, foi a menina cavalo-marinho que disse subitamente:

– Por que não pedimos ajuda para nossas amiguinhas, as meninas humanas Bia e Bia Pequena?

Dando continuidade ao seu raciocínio, afirmou:

– Vamos até a praia, sopramos nossos assobios suaves, que tanto elas conhecem… Tenho certeza que, como são muito espertas, saberão como nos ajudar.

O Menino sereia então falou:

– Excelente ideia, amiguinha! Nossas amigas humanas, Bia e Bia Pequena vão resolver essa questão.

Então, os pequeninos menino sereia e menina cavalo-marinho saíram em direção à praia, nadando o mais rápido que podiam. Ao chegarem próximos à beira-mar, como de costume, assobiaram:

– Fio… Fio… Fio…

Assobiaram muitas vezes até que as meninas Bia e Bia pequena, que estavam no terraço de sua casa, perceberam o som que vinha da direção ao mar.

Então, as meninas levantaram e correram para praia, para ver se os seus amiguinhos do mar estavam a chamá-las.

Lá estavam os amiguinhos, menino sereia e a menina cavalo-marinho… Pareciam muito cansados! Acenavam insistentemente para as meninas com urgência, a fim de que pudessem relatar o que estava acontecendo.

Foi então que ao virem a aproximação das meninas, chegaram mais perto da beira-mar. Foram logo contando toda a história para Bia e Bia pequena.

Bia logo falou:

– Oxente! Precisamos pensar logo numa solução.

Por alguns instantes ficaram discutindo várias maneiras de afastar a bruxa Peteca do bebê Sereia. Mas, nenhumas de suas argumentações pareciam viáveis à solução do problema.

Foi então que Bia pequena disse: – Acho melhor falar com mamãe, Ela sabe de muitas coisas. Vou chamá-la!

Saiu correndo em direção a sua casa, que ficava próxima à praia.

– Mamãe, mamãe, mamãe… Gritava Bia pequena, enquanto corria para casa.

Alguns minutos depois, a mãe de Bia pequena, D. Carlota, chegou e já tinha conhecimento de tudo o que se passava no fundo do mar. Também, de toda a angústia da mamãe sereia, com a possibilidade do ter seu bebê roubado pela bruxa Peteca.

A mãe de Bia pequena era uma doce senhora que tinha um grande conhecimento das simpatias dos seus ancestrais, e guardava todas essas em sua memória. Sempre que precisava estava a ajudar outras pessoas, com os seus ensinamentos e vivência de mundo.

Então, ela afirmou: – Estou pensando em uma solução que possa afugentar a bruxa Peteca para sempre de suas maldades.

As horas foram passando, enquanto D. Carlota consultava em sua memória algumas maneiras de resolver a questão. Foi quando, em dado momento, olharam para o horizonte e viram que o céu estava ficando escuro. Uma nuvem negra, em forma de redemoinho, começava a tocar o espelho da água do mar.

Tudo isso era sinal de que a bruxa Peteca começava a pôr em prática as suas ameaças de roubar o bebê sereia. Todos ficaram muito assustados, pois o mar começava a se agitar, e ondas grandes estavam se formando ameaçadoras. Grandes relâmpagos e trovões completavam o ambiente assustador.

Todos gritavam: Oh! Oh! Oh! … Estamos perdidos. Mamãe sereia terá seu bebê roubado pela bruxa Peteca.

O Pequeno menino sereia começou a chorar.

– Não vamos conseguir resolver! O bebê sereia está perdido.

Carlota percebeu que todos os sinais no céu era um aviso que a mamãe sereia estava dando à luz, e que a bruxa Peteca estava à espreita, aguardado o nascimento do bebê sereia. Sabia que precisava agir rápido, ou realmente tudo estaria na vontade da malvada bruxa.

Tinha conhecimento que há muitos anos uma bruxa tentou roubar um bebê que acabara de nascer e, a anciã mais velha da aldeia conseguiu destruir a bruxa, antes que concluísse a sua ameaça.

Mas precisava correr contra o tempo. Então avisou aos meninos: – Me aguardem aqui. Não tenham medo… Vou em casa e logo volto.

E assim lá foi ela ligeiramente…

O mar continuava cada vez mais agitado e as meninas Bia e Bia pequena tiveram que sair de dentro da água. Preferindo aguardar D. Carlota a beira-mar. Também, os pequenos menino sereia e a menina cavalo-marinho mal podiam de manter dentro da água, devido à grande força das correntes marinhas.

Os ventos estavam aumentando com assustadora fúria.

Foi então que D. Carlota retornou trazendo em suas mãos um brinco feito com uma pimenta vermelha. E disse:

– Leve esse brinco que foi confeccionado com a ciência milenar dos velhos ancestrais. Tem formato de pimenta vermelha e o gancho, que vai prender na orelha da mamãe sereia, é feito com o espinho de rosa branca.

E continuou:

– Entregue a mamãe sereia e diga-lhe que deixe a bruxa Peteca se aproximar bem junto dela, de forma que possa olhar bem de perto a magia do brinco. Nesse instante, a bruxa Peteca será desintegrada e desaparecerá para sempre.

E completou:

– Vão depressa! Espero que ainda haja tempo suficiente.

Os pequeninos seres marinhos pegaram o amuleto das mãos da D. Carlota, que havia entrado no mar para poder entregá-los, e puseram-se a nadar rapidamente de volta a gruta onde mamãe sereia, mamãe cavalo-marinho e a sereia princesa Bela as esperavam ansiosas.

Estavam muito cansados, quase no final do trajeto de volta a gruta. Mas, não desistiram… Pegaram uma carona nas barbatanas de um peixe espada, que depois de ouvir a história dos meninos, tratou logo de ajudá-los.

Ao chegarem a gruta, contaram toda a aventura e seguiram as instruções da D. Carlota, colocando o brinco na orelha da mamãe sereia.

Assim que o brinco foi colocado na orelha da mamãe sereia, um estrondo foi ouvido na entrada da gruta. Muitas pedras rolaram, e uma risada tenebrosa fez com que todos corressem para o fundo da gruta atemorizados.

Eis que surge a malvada bruxa Peteca… Toda de preto, com um nariz enorme, mãos esqueléticas e unhas gigantes. O seu cheiro era horrível… Toda a caverna ficou embebida com o azedume que sua presença deixava no ar. Era quase sufocante!

Foi então que esbravejou:

– Esse bebê ainda não nasceu?

E com enorme fúria apontou para a mamãe sereia.

Mamãe sereia, seguindo as instruções de D. Carlota, procurou ficar calma. Era a única maneira de fazer a bruxa se aproximar mais dela, para poder olhar o brinco que estava em sua orelha.

Então, a princesa Bela, tentando proteger a mamãe sereia disse:

– Bruxa malvada! Você não vai roubar nosso bebê, não vamos deixar que faça isso.

A bruxa Peteca deu uma longa e assustadora risada. Em seguida fez uma ameaça a todos:

-Quem vocês pensam que são? Eu vou pegar o bebê assim que nascer e depois vou destruir essa gruta com todos aqui dentro.

Dando mais risadas: – HA…HA… HA…HA…

As crianças foram para junto de suas mães, pois um clima de medo estava pairando no ar.

No entanto, mamãe sereia, acreditado no amuleto que usava, assim como na experiência e sabedoria da D. Carlota, procurou manter-se tranquila todo o tempo. Precisava que a bruxa chegasse mais perto, para que pudesse olhar para o brinco, que estava em sua orelha.

Foi então que mamãe sereia, com uma doce voz, disse a bruxa:

-Se aproxime bruxa Peteca! Não vamos criar problemas para você. Assim que o bebê nascer entregarei, não precisa fazer mal a nenhuma de nós. Não vamos resistir, pois em seus braços porei o meu filho.

A bruxa Peteca ficou surpresa com a reação da mamãe sereia, mas sabia que estava em vantagem, pois nenhuma delas teria coragem de enfrentá-la naquele momento.

Então foi para mais pertinho da mamãe sereia, a fim de acompanhar o nascimento do bebê que roubaria em seguida. Mas, eis que mamãe sereia afasta os cabelos da orelha fazendo com que a bruxa Peteca olhasse fixamente para o brinco.

Nesse momento, a bruxa Peteca deu um estrondoso grito de agonia, que foi ouvido em todos os sete mares… Para em seguida evaporar no ar.

Nesse instante tudo se acalmou…

Finalmente, mamãe sereia deu à luz a duas lindas sereias, que nasceram alegres e cheias de saúde.

Passado o susto dos acontecimentos, e mamãe sereia já na segurança do seu castelo, o menino sereia e a menina cavalo-marinho nadaram em direção à praia, para contar as novidades as amiguinhas Bia e Bia pequena.

Chegando lá, assobiaram como de costume e, em entre muitas brincadeiras, ganharam uma fatia saborosa de bolo de chocolate da D. Carlota.

Continuaram felizes por toda a tarde, até que se despediram com o compromisso de sempre voltarem…

 

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