O que fazer da vida quando não é possível consertar as dívidas do passado, que não foram escritas com lápis ou canetas? Também, quando não há possibilidades de, com borracha, apagar traços, retas ou paralelas invisíveis que estão impressas na própria existência?
Isso é um fato. Nenhum ser humano tem habilidades que o conduza a um esvaziamento das recordações marcadas na alma, muito menos ao que encontra-se impresso na sua mente.
Mas, um destino caminha dentro de cada um de nós. Isso é correto? Ou será absurdo louco e imaginário? Não se pode determinar tudo que surge nos caminhos do agora, nem tão pouco o que se encerrou das experiências passadas. Quem sabe, muito menos, o que ainda está por vir.
É certo que estão a perpetuar-se muitas histórias, que foram celebradas por acontecimentos inesquecíveis, mas nada é comparável a este ser extravagante que pulsa ruminante em cada um de nós – sem a consciência plena do que somos.
O nosso destino foi por vezes mordaz, trepidante, contraditório e cheio de aflições. Outras vezes carregado de sucesso, voraz no amor, apaixonado nos muitos olhares e intenso na maciez do corpo que mergulhou no êxtase do prazer… Embora, diante da razão, tenha sido possível vibrar sensato, quando em estado de lucidez foi possível descobrir certezas e, outras vezes, grandes desenganos.
Não há mágoas consoante o investimento que se faz nos cordéis que envolvem os encantados laços do destino, quando esses permeiam turbilhões de emoções, ora com precedentes venenosos, ora em pungentes e verdejantes campos existenciais, onde todas as sementes irão geminar.
É tempo de vestir-se com o casulo da metamorfose, que multicolorida estará a pincelar a vida com as cores da razão, para encontrar rotas que mais se adequem ao nosso estilo de vida. Essa atitude permitir-nos amadurecer como indivíduo, e os vergalhões presentes nos trilhos da nossa existência ajustar-se-ão a uma identidade de estilo próprio realista, em conformidade com a própria realidade.
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