Era uma vez a alegria e a saudade. Ambas viviam no mesmo bosque… Ambas tinham em si sentimentos próprios, por vezes inusitados.
A alegria tinha o dom da felicidade. Corria pelos campos acariciando o vento, presenteando tudo que em seu caminho transitava. Ora ofertando flores, ora apertos de mãos, ora consolando os infelizes, para que abrissem os seus corações para a vida. Sempre com velhos tapinhas nas costas, levando o consolo da palavra, como forma de dizer “estou aqui”, meu semelhante!
A alegria não media esforços, estava sempre por perto, generosa e complacente, em todas as ocasiões de dificuldades, principalmente onde havia a ausência do afeto. Era doce e carinhosa, sabia semear com ímpeto, o esplendoroso benquerer.
Era a alegria que trazia dos céus as chuvas que molhavam a terra… Os pássaros que cantavam nos pomares, a colheita dos grãos verdinhos nos milharais, o choro das crianças que nasciam amamentadas nos seios das suas mães, e tanto mais…
Ah, Alegria! É Sol e Lua ao mesmo tempo. É colo e aconchego, em todas as horas. É paz que rasteja devagarinho, para a alma que se encontra na escuridão…
Então surge a saudade! Desfazendo todo caminho percorrido pela alegria…
Preenche o espírito de uma dor não palpável… indescritível e sentida como se fosse uma derradeira derrota. Um fracasso diante de um nada, sem destino… Sem cura ou remédio.
É a saudade que traz lágrimas nos olhos. Falta de tudo…Um eterno vazio sem conforto que corrói toda existência… Rasgando o véu da realidade e aprisionando o ser em si próprio.
( In memoriam dos que tanto amo e que estão no meu coração, em forma de saudade)
Liège Vaz
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